sábado, 13 de abril de 2013

Governo deve mudar regras para leilões de energia eólica, diz EPE


Medidas visam garantir entrega da energia contratada nos leilões.
Energia eólica deve, porém, ficar mais cara.


Fabio AmatoDo G1, em Brasília
O governo federal deve mudar as regras para os próximos leilões de energia eólica no país. De acordo com o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, as alterações têm o objetivo de dar mais segurança de entrega da energia contratada, no prazo previsto.
A primeira medida é uma redução, de 50% para 10%, no risco de o parque eólico não entregar a energia contratada no leilão. Hoje os empreendimentos que entram em disputa oferecem uma garantia física (quantidade de energia que pode ser comercializada) com 50% de certeza de que vai poder ser gerada. Agora, essa certeza terá que ser de 90%.
O efeito imediato dessa decisão será reduzir a quantidade de energia que as eólicas vão vender nos leilões. Consequentemente, essa energia deve ficar mais cara. Por outro lado, diz Tolmasquim, essa medida aumenta a segurança de fornecimento no sistema elétrico, já que, na maior parte do tempo, essas usinas vão gerar mais energia do que o previsto.
“Essa medida reduz o risco do empreendedor não gerar aquilo que ele está vendendo e aumenta a segurança do sistema elétrico brasileiro”, disse o presidente da EPE. Pela regra, a geração eólica que exceda até 30% do contratado, recebe o mesmo valor fixado no leilão. Acima disso, o repasse fica menor.
De acordo com Tolmasquim, as usinas eólicas em operação hoje no país geram, em média, cerca de 45% da energia que têm capacidade. Isso acontece porque os ventos não são constantes, o que faz com que a energia produzida varie ao longo do ano.
Linhas de transmissão
Outra mudança prevista é permitir que apenas usinas eólicas que tenha mais facilidade para se conectar à rede de transmissão de energia do país participem dos próximos leilões.
Com isso, o governo espera evitar os casos de parques eólicos que, apesar de prontos, não entregam energia ao sistema porque a linha que vai conectá-los à rede de transmissão não ficou pronta.
“A gente tomou a decisão de leiloar usinas que já tenham onde se conectar, para que possa construir a ligação mais facilmente”, disse Tolmasquim.

ISA estuda produção de energia eólica na Raposa Serra do Sol em RR


Projeto Cruviana é desenvolvido em parceria com a UFMA e CIR.
Torres para medição do vento foram instaladas em três comunidades.


Vanessa LimaDo G1 RR
A capacidade de geração de energia eólica - produzida a partir da força dos ventos - na Terra Indígena Raposa Serra do Sol é objeto de estudo desenvolvido pelo Instituto Sócioambiental (ISA), em parceria com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e Conselho Indígena de Roraima (CIR).
O Projeto Cruviana começou a ser desenvolvido em fevereiro deste ano com a instalação de torres para medição do vento nas comunidades Tamanduá, Maturuca e Pedra Branca, localizadas na região denominada das Serras, município de Uiramutã. Os próprios indígenas foram integrados no projeto e são bolsistas de pesquisa.
Segundo Ciro Campos, biólogo do ISA e coordenador do estudo, a região nordeste de Roraima aparece no Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, lançado em 2001 com o selo do Governo Federal. Dezembro, janeiro e fevereiro são os meses onde os ventos em Roraima são os mais fortes do país.
Os primeiros resultados obtidos com o Projeto Cruviana foram satisfatórios, de acordo com ele, e apontaram que a região está dentro da faixa de geração que vai de 6 a 9 metros por segundo. "O objetivo é mostrar que é possível diversificar a geração de energia", diz o coordenador do estudo.
Diante das discussões sobre a construção de hidrelétricas e mini usinas dentro e fora de áreas indígenas, o estudo vem para mostrar o potencial que o Estado possui para produção de energia eólica. "Tem impactos sociais e ambientais sim, porém são muito menores que os causados pela construção de hidrelétricas", pontua. 
Campos informou que a pretensão é sensibilizar o governo para ampliar o estudo e ter um reflexo de todo o Estado. "Queremos mostrar a importância de investir na energia do vento, que é uma vocação natural do Estado", diz.
De início, o interesse do CIR, que é contrário a construção de hidrelétricas em terras indígenas e apoia o Projeto Cruviana, é atender as comunidades da Raposa Serra do Sol com energia eólica. Atualmente, geradores são utilizados e não há energia 24h. A produção em larga escala é cogitada, só que em outra ocasião..
Instalação de torre para medição do vento na comunidade Tamanduá (Foto: Aldenir Cadete (ISA/CIR))Instalação de torre para medição do vento na comunidade Tamanduá (Foto: Aldenir Cadete - ISA/CIR)