Rio - Levantamento divulgado este mês deu uma boa notícia para quem acha que as energias renováveis são um dos melhores caminhos para desacelerar o aquecimento global: até 2020, a quantidade de energia eólica (produzida pelo vento) gerada no mundo vai ultrapassar a nuclear. Embora países europeus, EUA e China ainda concentrem a maior parte dos gigawatts produzidos, o Brasil é tido como um dos países mais promissores no setor, e já gera a energia eólica mais barata do mundo.

Os dados são da Associação Mundial de Energia Eólica, que informou ainda que, ano passado, o planeta chegou à marca de 237 gigawatts de energia produzida por hora, o que equivale a 280 dos 380 reatores termonucleares que existem no planeta. Nesse ritmo, a energia nuclear será ultrapassada em 8 anos.

Segundo Elbia Melo, presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica, a energia do vento vai ultrapassar a nuclear por causa de vários fatores. “A nuclear é considerada limpa, mas, no caso de um acidente, os efeitos são muito graves. Além disso, pode depender de matéria prima importada”, lembra. Ela observa também que a tecnologia da energia eólica evoluiu recentemente, tornando-a mais barata, enquanto a energia solar ainda é considerada muito cara.

O avanço da energia eólica no mundo é puxado principalmente pela China, que instalou metade das turbinas colocadas em funcionamento no ano passado, num total de 20 gigawatts por hora. Ainda assim, apenas 3% da energia usada pelo país asiático, um dos maiores poluidores do mundo, vêm dessa fonte. Em outros países, como Alemanha, o percentual é de 10%. Na Espanha e Dinamarca, já chega a 20%.

Nenhuma nação europeia, porém, tem o potencial de crescimento do Brasil no setor. “Devido à qualidade dos ventos que sopram principalmente nas regiões Norte e Sul do País, o Brasil tem condições de gerar até 300 gigawatts/hora de energia eólica só na terra. Até 2014, a previsão é que o País chegue a 7 gigawatts, ou seja, 5,3% de suas necessidades energéticas”, afirma Elbia.

Investimentos desde 2004

Embora existam turbinas gerando energia eólica no Brasil desde a década de 90 no arquipélago de Fernando de Noronha (PE), a produção só começou a entrar de forma significativa na matriz energética em 2004, subsidiada pelo governo. De lá até 2009, houve uma grande diminuição nos custos de produção, fazendo com que cada megawatt gerado por hora no País fosse comercializado a R$ 150.

No ano passado, a mesma quantidade de energia passou a ser comercializada a R$ 80. Na Europa e nos Estados Unidos, onde há subsídios dos governos, segundo especialistas, os valores do megawatt por hora giram em aproximadamente R$ 300.

Fonte: http://odia.ig.com.br/portal/cienciaesaude/vidaemeioambiente/energia-e%C3%B3lica-deixa-a-nuclear-para-tr%C3%A1s-at%C3%A9-2020-1.439803